terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Entranha-se a terra nas unhas,
na pele de quem dela vive

e assim crescem árvores na alma,
cultivam-se sementes,
e pássaros voam alto
em céus chuvosos, abençoados.
Nos rostos as rugas,
e nas mãos as enxadas,
os pedaços de nuvens no adormecer merecido,
e as dores do cansaço da lavoura.
O que se é e se canta,
lá longe nos prados,
só a lua o sabe
e a lua o diz ao sol.
Dia a dia, a terra aberta,
e suja a roupa,
fica o cajado gasto.
Confidente a ladeira dos caminhos
e a soleira da pequena casinha de pedra,
segredos suspirados no infinito verde
que parece não encontrar novas paragens.

Assim vive um apaixonado,
um sonhador de viagens e mundos.

Assim vive um lavrador.