sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Encontro na escrita a minha força libertadora,
o meu refúgio escondido e sempre pronto,
a cura para as feridas que tardam a sarar
e o escape para o sal dos meus olhos.
As palavras, fruto da razão,
permitem-me esconder a realidade de um amor perdido,
fazem-me equacionar os dias e o futuro,
em vez de viver na ansiedade de um coração desesperado.
Enquanto escrevo, não sinto a imensidão do abandono,
não me desfaço perante as amargas ondas de uma tempestade maior.
Escrevo que o amanhã existe,
mas não me permito o conformismo de o viver assim.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Querer de volta um sonho
é como querer tocar uma miragem de águas imaginadas,
como querer viver uma vida de alguém que passa na rua.
Querer de volta um sonho,
faz-nos perder a alma, tirar-lhe o seu revestimento de solidez
e retira-nos as forças que julgavamos ter.
E quando esse sonho era real,
quando essa alvorada de felicidade era nossa
e podíamos tocá-la com as nossas mãos,
perdemos tudo e deixamos um corpo vazio.
Quando o sonho já se perdeu,

morre o coração.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Invade-nos a fraqueza de termos na futilidade
as ambições de uma vida plena,
de querermos caminhos que ignoram as portas
e as saídas para a luz de ser com os outros.
Somos pequenos no egoísmo de sermos sós com a felicidade
e somos inúteis porque nos evadimos da responsabilidade
de tornar a nossa efémera passagem em missão.
Somos nada ao abrigo da nossa diminuta visão do futuro
e traçamos, sem saber, uma linha igual a tantas outras.
Temos de admitir: a dureza de um embate interior
lembra-nos que, sozinhos, não podemos mudar o Mundo.