domingo, 28 de dezembro de 2008

Perco-me na orquestra urbana de gente que me acompanha o passo,
sinto-me parte da inércia do movimento cinzento de iguais
e não imprimo qualquer diferença no rosto de alguém que se me atravessa.
Quando sou com gente, não sei ser poeta.
No entanto, a poesia que escrevo nos apertos de solidão
vem-me da memória dessa corrida de rostos,
dessa indiferença pelas calçadas e pelas janelas,
desse vazio que tanto quero explicar.
É essa sinfonia calada de sapatos nos passeios
que me acalma a frenética tristeza de estar sozinho.
Onde há uma massa de gente que sofre de igualdade de fatos,
há sempre espaço para descansar a necessidade de não se ser invisível.

3 comentários:

Joana M. disse...

dei com este blogue sem querer e li uns quantos textos e gostei.
ia comentar e vi o perfil.
nao é que é a Inês Torres? ;)


Beijinho,
Joana Mendes.

Vera disse...

sempre sempre com palavras profundas e belamente poéticas!

gostei inês, muito!

ruth ministro disse...

Grande verdade escreveste tu, crua nos teus versos.

Beijinhos